MATILDE CAZAROLA 
                  ( Bolívia ) 
                    
                  Matilde  Casazola Mendoza (nascida em 19 de fevereiro de 1942 em Sucre, Bolívia é uma  poetisa e compositora boliviana que escreve canções enraizadas nas tradições musicais  de seu país. 
                  Em  1974, Casazola visitou a Argentina , onde fez uma extensa turnê cantando e  compondo mais poemas e canções. Após seu retorno, ela realizou seus primeiros  shows na Bolívia. Mais tarde, em 1982, ela fez outra extensa turnê européia cantando  e compondo, ampliando os horizontes de sua busca artística. 
                  eu  legado inclui as seguintes obras poéticas: Los ojos abiertos (1967), Los  cuerpos (1967), Una revelación (1967), Los racimos (1985), Amores  de alas fugaces (1986), Estampas, meditaciones, cánticos (1990) e O  espelho do anjo (1991). As publicações mais importantes de Casazola  incluem Obra Poética (Imprenta Judicial, Sucre, 1996), que compilou doze de  seus livros de poesia, e Canciones del Corazón para la Vida (Ediciones  Gráficas EG, La Paz, 1998), um songbook que inclui quarenta de suas composições  da escrita e da música.  
                    
                  TEXTO  EN ESPAÑOL  -  TEXTO EM PORTUGUÊS 
                    
                  
                  BEDREGAL,  Yolanda.  Antología de la poesía boliviana. La Paz: Editorial Los Amigos del Libro, 1977.  627 p. 
                  13,5x19 cm                                  Ex. bibl. Antonio Miranda  
                    
                  LOS OSCUROS 
                     
                    La fruta estaba hecha 
                      para que la gustáramos, 
                      para olerla y gozar su lozanía. 
                      Pero nosotros no podíamos comprarla. 
   
                      El sol estaba hecho 
                      para amar nuestra piel, 
                      estremecer la vida de todo nuestro cuerpo. 
                      Pero a nuestra guarida el sol no entraba. 
   
                      El pan de cada día, en fin, estaba hecho 
                      para hablarnos todas las mañanas 
                      de campos fecundados. 
                      Pero nosotros sólo comíamos mendrugos y agrios. 
   
                      También había música y otras cosas dulces, 
                      pero habitaban en el aire alto, 
                      y nosotros sólo captábamos sus ecos. 
   
                      Nos debatíamos en la cueva obscura 
                      en el cuartucho húmedo 
                      donde la única verdad es la Miseria. 
   
                      Entonces, no aprendimos 
                      el himno de la alabanza, 
                      y la sonrisa de nuestros labios 
                      era una flor enferma. 
   
                      Dicen que Dios hizo a los hombres iguales 
                      y semejantes a El en armonía y en belleza. 
                      ¿Cómo es, entonces, que ahora 
                      formemos este vértice inmundo 
                      del que huyen todas las miradas 
                      y contra el que se vuelven bruscamente las espaldas? 
   
                      — Hablo por la boca del hombre que se arrastra 
                      por húmedos rincones 
                      de morada siniestra. 
                      Dice que también de él era la tierra. — 
   
                      ¿Quién hurtóme el rojo clavel 
                      llamarada impetuosa, 
                      quién bloqueó mis salidas, 
                      quién me esperaba 
                      aún antes que pensar nascer, 
                      con la triste cadena? 
   
                      No estuvo equilibrada en mi balanza 
                      la desdicha con la bienaventuranza. 
   
                      Te regalo de antemano mis huesos 
                      para que hagas con ellos 
                      trémulas flautas que cantan elegías 
                      mientras a blanca mesa se sientan prósperas familias, 
   
                      y hay sol, hay pan, hay fruta. 
                      Pero llora, es verdad, en todo el aire 
                      trémula flauta su llanto innumerable.  
                    
                  TEXTO EM PORTUGUÊS 
                  Tradução de ANTONIO  MIRANDA 
                    
                  OS ESCUROS 
                     
                    A  fruta estava feita 
                      para que a desfrutássemos,  
                      para cheirá-la e para gozar seu viço. 
                      Mas nós não podíamos compra-la. 
   
                      O sol estava pronto 
                      para amar a nossa pele, 
                      estremecer a vida de todo o nosso corpo. 
                      Mas no nosso abrigo o sol não entrava. 
   
                      O pão de cada dia, afinal, estava feito 
                      para falar-nos todas as manhãs 
                      de campos fecundados. 
                      Mas nós apenas comíamos cascas de pão e azedas. 
   
                      Também havia música e outras coisas doces, 
                      mas habitavam o ar mais elevado, 
                      e nós apenas captávamos seus ecos. 
   
                      Debatíamo-nos na cova escura 
                      no cubículo úmido 
                      onde a única verdade é a Miséria. 
   
                      Então, na aprendemos 
                      o hino da louvação, 
                      e o sorriso de nossos lábios 
                      era uma flor enferma. 
   
                      Dizem que Deus fez os homens iguais 
                      e semelhantes a Ele em harmonia e em beleza. 
                      Como é, então, que agora 
                      formemos este vértice imundo 
                      de que fogem todas os olhares 
                      e contra o que se voltam bruscamente as espaldas? 
   
                      — Falo pela boca do homem que se arrastra 
                      por úmidos recantos 
                      de morada sinistra. 
                      Dizem que também dele era a terra. — 
   
                      Quem furtou-me o rubro cravo 
                      chama impetuosa, 
                      quem fechou as saídas, 
                      quem me esperava 
                      mesmo antes de pensar em nascer, 
                      com a triste corrente? 
   
                      Não esteve equilibrada em minha balança 
                      o sofrimento com a felicidade. 
   
                      Te ofereço de antemão os meus ossos 
                      para que faças com eles 
                      trêmulas flautas que cantam elegias 
                      enquanto à branca mesa sentam-se prósperas famílias, 
   
                      e tem sol, tem pão, tem fruta. 
                      Mas chora, em verdade, en todo o ar 
                      trêmula flauta seu canto incontável . 
                    
                    
                    
                  * 
                     
                    VEJA e LEIA outros poetas da BOLÍVIA em nosso Portal: 
                  http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/bolivia/bolivia.html  
                    
                  Página publicada em junho de 2022. 
                
  |